Você já ouviu falar em doomscrolling? É aquele hábito automático de passar o dedo na tela do celular, consumindo notícias ruins por minutos (ou horas!) sem perceber. O termo vem do inglês doom (“destruição”) e scrolling (“rolagem”), e não é exagero: os algoritmos das redes sociais são programados para nos manter grudados nas telas. Quanto mais você clica em manchetes trágicas — guerras, embates sobre tarifas, violência contra mulheres —, mais notícias desse tipo você vai ver. E, em um mundo com tantos problemas, fica fácil cair numa bolha de negatividade infinita.
Doomscrolling tem efeitos reais na mente e no corpo
De acordo com um artigo da Harvard Health, o consumo constante de notícias negativas ativa o sistema límbico, parte do cérebro responsável por emoções primitivas, como medo e ansiedade. Isso dispara a produção de cortisol, o hormônio do estresse, que em excesso:
Aumenta o risco de insônia;
Causa tensão muscular, especialmente no pescoço e ombros;
Prejudica a memória, já que o córtex pré-frontal (área de tomada de decisões) fica sobrecarregado.
E não para por aí. O hábito também reduz a produção de serotonina, neurotransmissor ligado ao bem-estar, e pode levar a sintomas depressivos. Além disso, o excesso de informações - especialmente as negativas - também gera um fenômeno chamado brain rot (“apodrecimento cerebral”), que corrói a capacidade de concentração e reflexão.
Resumindo: o doomscrolling é como uma dose diária de veneno digital. Você não vê o estrago na hora, mas ele mina sua saúde física e mental aos poucos.
Como escapar do Doomscrolling?
Troque o “scroll infinito” por horários fixos: defina momentos específicos para checar notícias (ex: 10 minutos de manhã e 10 à noite). Use apps como Freedom ou StayFocusd para bloquear redes sociais fora desses períodos.
Siga contas que tragam leveza (e treine o algoritmo): comece a interagir com perfis que postem conteúdos neutros ou positivos.
Questione: “Isso me ajuda ou me paralisa?”. Antes de clicar em uma notícia, respire e reflita: essa informação é útil para sua vida? Vai te motivar a agir ou só alimentar angústia?
Crie um ritual “detox” antes de dormir. É momento de desacelerar. Troque o celular por atividades como ler um livro, ouvir música instrumental ou fazer alongamentos.
O mundo não vai melhorar se você passar mais tempo vendo notícias ruins
O doomscrolling muitas vezes nasce de uma vontade genuína de se manter informado, mas vira uma armadilha. A exposição constante a tragédias gera uma ilusão de que “tudo está piorando”, mesmo quando há avanços (ex: redução da pobreza global, aumento da expectativa de vida).
A chave é buscar equilíbrio: informe-se com fontes curadas, como newsletters que resumem o essencial sem sensacionalismo. Conecte-se a causas reais (ex: voluntariado, apoio a ONGs) para transformar ansiedade em ação. E lembre-se: desligar o celular não é ignorar o mundo — é preservar sua saúde mental para enfrentá-lo.