Nesta nova reflexão da Carta Bowler sobre o futuro da comunicação, mergulhamos no poder transformador da evolução contínua — uma mentalidade que vai além da inovação pelo hype e se consolida como estratégia para comunicar com relevância e cativar com consistência.
Conversamos com Patricia Acioli, Diretora de Comunicação e Sustentabilidade da Scania Latin America, que compartilhou uma visão afiada sobre como equilibrar tradição e progresso e cultivar um mindset capaz de gerar histórias únicas e duradouras.
Confira a entrevista completa:
B: Como equilibrar progresso e tradição, muitas vezes vistos como opostos, na comunicação de uma marca — sobretudo diante da cobrança eterna em se manter sempre inovadora?
P: Antes de tudo: estamos falando da inovação para se manter no hype ou para, de fato, ser inovador? Me assusto um pouco com a velocidade e a proporção dessa “onda”. Nenhuma marca vive ansiosa no futuro, nem nostálgica no passado e nem sem memória e sonhos, presa no presente.
O diálogo do Tempo é tridimensional. Pra mim, secular e atemporal é o drive de encontrar soluções, de ser útil e despertar sentimentos e emoções. Além disso, é preciso lembrar que existem várias características em uma marca — a própria tradição é um valor a ser trabalhado.
E a pergunta de um milhão de dólares é: como equilibrar esses horizontes?
Entender o timing, a estratégia e, principalmente, o porquê das escolhas são pontos básicos para qualquer tomada de decisão. A cereja do bolo será sempre a criatividade e a conexão que geramos a partir da comunicação.
B: Em um mundo em constante transformação, como o profissional de comunicação pode cultivar o mindset de evolução contínua para se manter relevante e preparado para os desafios do futuro?
P: Uma das principais transformações dos nossos tempos é a releitura das profissões e o surgimento de novas formas de monetização do trabalho. A comunicação passa pelo mesmo processo. Extrapolou os ambientes corporativos e as redações — hoje, há espaço para creators, geradores de conteúdo, redatores etc.
Para cultivar um espírito e modelo de pensamento de melhoria contínua, é preciso estar aberto, antenado, interessado, curioso, disponível. Desconfiar de certezas e acreditar nas possibilidades.
O mundo pode ser ágil, inovador e líquido, como dizem por aí, mas não pode ser superficial. É importante apostar na colaboração entre perfis. Vamos ter o profissional exponencial, aquele que vai trazer algo super diferente, inusitado — e vamos ter também o incremental, que vai arrumar uma forma de melhorar um projeto e torná-lo mais eficiente.
Precisamos dos dois mundos. Precisamos da tradição e da inovação para evoluir.